Resultados
 

3ª Copa Euro África Torneio Festival Bar du Cotentin - 2005
por Eduardo Souto de Oliveira
Fotos: "By courtaisie of Jean-Christophe Hebert & La Presse de la Manche" e arquivo pessoal de Eduardo Souto


Depois de 4 etapas de eliminatórias fomos classificados Maurício Ortiz e Eu para irmos a Cherbourg/ Normandia/França disputar a 3ª Copa Euro África e o 2ºTorneio Festival Bar do Cotentin, nos dias 3 e 4 de setembro, representando o Brasil pela Confederação Brasileira de Caça Submarina (CBCS).

Os torneios que se realizaram paralelamente, foram organizados pela Fédération Nautique de Pêche Sportive en Apnée (FNPSA) e pelo Cherbourg Peche Apnee Club. A cidade de Cherbourg se localiza no lado francês do Atlântico, no Canal da Mancha, a cerca de 400 quilômetros de Paris.

Tínhamos a informação que a água era fria, em torno de 17ºc, suja, com correnteza e que valeriam 4 espécies de peixe, 3 com o peso mínimo de 1,5 kg e o outro com peso mínimo de 1 kg. Os peixes eram: a mulet, uma espécie de tainha, o vielle, uma espécie de budião, o lieu, um "parente" do bacalhau e o bar, que olhando parece um pouco com uma enchova misturada com robalo. O vielle poderíamos pegar 3 peixes por dia e as outras espécies 5. O bar tinha o seu peso contado em dobro, e cada grama valia um ponto. A bonificação por peça de peixes de peso mínimo de 1,5 kg era de 1500 pontos (bar, vielle e mulet), e 1000 pontos para peixe de peso mínimo de 1 kg ( lieu).
Saímos dia 28 de agosto.

Depois de mais de 24 horas de viagem, sendo Rio/São Paulo/Zurich/Paris de avião e Paris/Cherbourg, 400 quilômetros de carro, chegamos a noite. Fomos recebidos pelo Sr. Frederic Bled , o organizador local do torneio, e já confirmamos a nossa saída para treinar no dia seguinte.

O porto tem dois grandes enroncamentos, um por fora do outro, com diversas fortificações, pois a cidade sempre teve uma posição estratégica em todas as guerras e hoje em dia, além de ser um porto comercial e de transporte de pessoal para diversas ilhas no Canal da Mancha é um ponto importante para esportes náuticos.

No primeiro treino, o próprio Frederic nos levou num inflável com motor de 50 hp. Levamos um pequeno dicionário, pois ele não falava nada de inglês e nós nada de francês, e uma camiseta do uniforme, que ele usou durante 2 dias. Fomos na direção da área do 1º dia, sábado, do lado direito do porto da cidade, até uma ponta chamada de Cap Levi, onde havia um farol. Notamos pela carta que lá deveria ser o melhor lugar da área, pois era uma ponta com diversas pedras na direção do mar. Antes de cair na água verificamos uma novidade. Lá não se usa âncora para pescar sem caiqueiro, e sim uma espécie de paraquedas que eles jogam na água para o barco ir sempre na direção da correnteza.

Caímos na água e ela era fria, mas suportável, 16ºc com uma visibilidade de no máximo 3 metros. O fundo era de pedras baixas, quase sem buraco, com muitas algas que chegavam ao comprimento de mais de 1 metro. Na região vimos as vielles, os lieus pequenos, as mulets e um bar pequeno. Neste dia o Maurício pegou um lieu de 3,5 kg, considerado muito grande para espécie. Já sabíamos onde cair no primeiro dia.

No dia seguinte fomos para outra área, que era do lado esquerdo da cidade até a "Pointe Jardeheu", onde também tinha um farol e umas pedras na direção do mar. Fomos caindo em diversos pontos, orientados pelo Frederic, mas não vimos muito peixe. Em relação a vielle, a mulet e o lieu já tínhamos pego a "manha" do peixe, mas quanto ao bar ainda não. O Frederic nos explicou que ele ficava no final da pedra com o sable (saibro).

No terceiro dia voltamos a área do lado esquerdo do porto, onde seria a competição de domingo, agora já com o Sebastian, que seria o nosso caiqueiro no campeonato. Neste dia caímos em algumas pedras mais afastadas e achamos áreas com alguns peixes.

Na sexta foi dia de descanso e passeio. Fomos no lado norte da península, conhecer as praias do desembarque do dia D e as pequenas cidades pesqueiras da região.

No sábado, primeiro dia da competição, tomamos o café da manhã com a equipe da Tunísia e fomos para a marina onde seria o campeonato. Já estava tudo montado com o palanque, arquibancada, barracas de bebidas, comidas e de camisetas da FNPSA e do campeonato. Aos poucos foram chegando inúmeros infláveis a reboque e fomos conhecendo os nossos adversários. Houve uma reunião com os participantes onde foram tiradas as dúvidas e nos preparamos para a largada.

A largada se deu no cais da cidade, ao meio dia, pois o sol só se põe depois das oito da noite. Demos uma camisa do uniforme para o Sebastian, nosso caiqueiro, que ele usou no segundo dia e na entrega de prêmios. Todos os barcos se reuniram numa parte do porto, dentro da cidade, e saímos em comboio, com a marcha reduzida, até os limites dos enroncamento, onde poderíamos aumentar a velocidade.

Fomos na direção da ponta que tínhamos reconhecido e visto peixe. O campeonato seria em maré vazante, que era na direção do sul. Caímos na água e fomos pescando "a rola", isto é, deixando a correnteza nos levar, pois ela não nos deixava parar em lugar nenhum. Logo que caímos fomos vendo peixe e pegando vielles e mulets. A certa hora já tínhamos as cotas desses peixes, mudamos para áreas próximas para ver se achávamos as outras espécies de peixes, nas não achamos. Por incrível que pareça no final da prova a maré quase parou, fato raro, mas aí é que o peixe some mesmo. No final das 5 horas tínhamos oito peças sendo 5 tainhas de bom tamanho.

A pesagem lá se dá de uma forma diferente daqui. Quando chegamos ao cais, entregamos o nosso peixe para a organização e vamos arrumar o material e tomar banho. A pesagem se dá cerca de 2 horas após a nossa chegada.

Todos nas arquibancadas e foi iniciada a pesagem. Pelo tamanho dos sacos de peixe, vimos que ficaríamos em torno do sexto lugar. Algumas equipes tinham feito pescarias parecidas com a nossa, só que com mais um ou dois peixes de outras espécies. No final da pesagem

ficamos em 2º por país, com 30.000 pontos. A equipe oficial da França tinha feito 38.000 e a da Tunísia 28.000. A melhor dupla foi uma da região.

A noite ofereceram um jantar de congraçamento para todos os participantes. Ficamos na mesma mesa com os russos, que tiveram muita dificuldade de achar o peixe.

No dia seguinte o procedimento de largada foi o mesmo do dia anterior e fomos para o final da área, que nesse dia, era do lado esquerdo do porto. Quando chegamos na região que vimos peixe no reconhecimento, vimos que as condições eram outras. Tinha piorado muito em relação ao dia do reconhecimento. A maré vazava com muito mais força e em alguns lugares fazia marolas de meio metro de altura. Sem opção para cair, olhamos para ver onde estava a equipe que tinha vencido o primeiro dia e caímos juntos. Era num farol próximo a uma praia. Lá a água era mais clara e corria menos.

Começamos a ver e pegar alguns peixes, mas vimos que seria mais difícil que o primeiro dia. Fomos caindo "a rola", mas a água era bem ruim e com a correnteza muito forte, e ficava muito difícil de se pescar. Numa certa hora caímos próximos a alguns franceses, numas pedras que iam na direção do mar. Ao lado delas, na saída da água, a correnteza era mais fraca e a água um pouco mais clara. Cheguei a ver um salmão de cerca de 4 kg, que não valia no campeonato, mas não deu para atirar pois ele estava um pouco longe para arma de 80 centímetros, que estava usando.

Voltamos para o farol da nossa primeira caída, que foi o lugar onde tínhamos visto mais peixe. O Maurício conseguiu pegar um bar de 2,5 kg, que deu uma "levantada" na pescaria, pois a pontuação de peso dele era dobrada. No final do dia 9 peixes: 1 bar, 1 lieu, 3 vielles, sendo que um não tínhamos certeza se passava, e quatro mulets, sendo uma pequena. Não sabíamos se tínhamos ido bem ou mal, pois não tínhamos a cota de tainhas, que poderia nos fazer falta.

Chegando ao cais vimos que havia uma pescaria muito boa, com dois sacos de peixe cheios, que eram da equipe oficial da França. As pessoas que viam nossa pescarias diziam que estávamos bem. Na nossa pesagem passou o vielle que tínhamos dúvida, mas não passaram as duas tainhas, que nos fizeram falta. No final fomos a quinta dupla do dia, e também, a quinta colocada de duplas no resultado final do Torneio Festival do Bar do Cotentin.

Quem venceu a etapa foi a equipe oficial da França, que pegou todas as cotas e fez cerca de 71.000 pontos. As duas tainhas nos fizeram muita falta, pois ficamos com 56.000 pontos, no geral, e a dupla 3ª colocada com 60.000, e cada tainha valeria, no mínimo, 3.000 pontos. Por país ficamos com o Vice-Campeonato na Copa Euro-Africa. Achamos que foi uma boa participação nossa, pois fomos vice-campeões por país e ficamos, por dupla, junto aos melhores pescadores da região, que conheciam tudo.


Mais uma vez esse resultado demonstra que somos muito versáteis na pescaria. As equipes francesas que pescam no Mediterrâneo não vão a competições no Atlântico e vice-versa. Nós conseguimos pescar bem em condições completamente diferentes.
Estamos certos que temos material humano para competir com qualquer país, em qualquer lugar do mundo e termos bons resultados. Esse nosso caminho nos vai trazer, cada vez mais, alegrias e conquistas.

Não podemos, deixar de agradecer à Divecom pelo apoio que nos deu com as passagens, uniforme e as armas, que foram admiradas por todos da competição, à CBCS (Alvaro Mattos e Luiz Antônio Pereira "Ted") por terem viabilizado a nossa ida e à RealDive, pela roupas, que "bateram um bolão".

3ª COPA EURO AFRICANA

Colocação

Competidores

País

Pontos

Campeão

Olivier Mouchel, Ludovic Herpe e Philippe Bunel

França

109.450

Vice-Campeão

Eduardo Souto e Maurício Ortiz

Brasil

56.250

3º Lugar

Babour Faycal, Saad Belhadj e Chakroun Choukri

Tunísia

28.700

4º Lugar

Vitaly Karpov, Anton Kalabin e Oleg Gavrilin

Rússia

3.600


2º FESTIVAL BAR DU CONTENTIN

Colocação

Competidores

País

Pontos

Campeão

Olivier Mouchel, Ludovic Herpe e Philippe Bunel

França

109.450

Vice-Campeão

Phillipe Desit, André Fleury e Michael Loy

França

109.400

3º Lugar

Eric Gerault, Ghislain Guillon e Alexandre Fedoroff

França

60.950

4º Lugar

Olivier Coue, François Mussard e Vincent Jallu

França

59.100

5º Lugar

Eduardo Souto e Maurício Ortiz

Brasil

56.250


*mais 14 duplas.




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